terça-feira, 7 de outubro de 2014

Na fé de jacó

JACÓ EM BETEL

Capítulo 28

Neste capítulo começa o exílio de Jacó, para escapar do furor de Esaú e ao mesmo tempo procurar para si uma esposa entre os familiares de seus pais em Padã-Arã (planície de Arã), obedecendo aos desejos deles.
Ao despedi-lo, Isaque ordena a Jacó "não tomarás esposa dentre as filhas de Canaã": Canaã estava debaixo da maldição de Noé e, assim como o próprio Isaque, era necessário que Jacó mantivesse sua linhagem puramente semita. Isaque então mandou Jacó ir até a casa do seu avô, pai de Rebeca, em Padã-Arã (de onde veio Rebeca), e tomar como esposa uma das suas primas, filhas de seu tio Labão.
Apesar de ter sido logrado por Jacó, Isaque também finalmente compreendeu que era através dele que seria cumprida a promessa do SENHOR a Abraão. Por isso ele rogou que Deus-Todo-Poderoso concedesse a Jacó a bênção de Abraão.
Então Jacó (aos 75 anos) partiu para percorrer os 800 quilômetros até a casa do seu avô.
Esaú, por sua vez, tomando conhecimento de tudo isso, e sabendo que seu pai não aprovava as duas esposas que já tinha, chegou à conclusão que também deveria tomar uma esposa para si que não fosse cananeia: foi então à casa do seu tio Ismael (que havia morrido uns 14 anos antes), e casou-se com sua prima Maalate (também chamada Basemate - capítulo 36:3).
Ela era irmã de Nebaiote, príncipe ismaelita cuja descendência formou uma nação (Isaías 60:7). Ismael, filho de Hagar, a serva egípcia de Sara, havia se casado com uma egípcia (capítulo 22:21). Os egípcios eram camitas da linha de Cuxe, irmão de Canaã (capítulo 10:6-14).
Tendo percorrido uns cem quilômetros da sua viagem, Jacó deitou-se, exausto, no chão e usou uma pedra como travesseiro para dormir. Próximo dali Abraão havia oferecido um dos seus primeiros sacrifícios a Deus quando chegara a Canaã, e outro ao voltar do Egito (capítulos 12:8, 13:4). Havia uma pequena cidade ali chamada Luz (amendoeira).
Jacó sonhou que viu uma escadaria até o céu, pela qual subiam e desciam anjos (dois mil anos mais tarde seu descendente, o Senhor Jesus, esclareceu que Ele era a escadaria, ou caminho para o céu - João 1:47-51, 14:6). Identificando-se como o SENHOR, Deus de Abraão e de Isaque, Deus estava em cima dela e confirmou a Jacó a aliança abraâmica, acrescentando que estaria com ele e o guardaria por onde quer que fosse, e o faria voltar a essa terra.
Ao despertar, Jacó se lembrou bem do sonho, e demonstrou grande surpresa porque Deus estava naquele lugar (sabemos que Deus está em todo lugar!): Deus apareceu quando ele menos esperava. Ao invés de se orgulhar com a grandiosa revelação, ele imediatamente sentiu temor, que na linguagem bíblica significa uma profunda reverência misturada com medo, ao se conscientizar de que o Todo-Poderoso Deus estava ali.
Quão temível é este lugar! Ele achou que o fato de Deus ter aparecido diante dele ali, como que abrindo uma porta de comunicação com os céus, tornava aquele lugar merecedor da maior reverência: a casa, ou lugar, de Deus.
Em seguida ele se levantou (era madrugada) e erigiu a pedra que havia usado como travesseiro, consagrando-a com azeite, para marcar o lugar onde mais tarde ele poderia construir algo melhor. Ele estava com pressa e não queria se deter ali.
Quando voltou, anos depois, ele construiu ali um altar (capítulo 35:7). Também mudou o nome do lugar para Betel, a casa de Deus. Quando Moisés escreveu este livro séculos mais tarde, esse era o nome do lugar, por isso o nome aparece em capítulos anteriores para identificá-lo.
O voto feito por Jacó traz um problema de interpretação, conforme forem os tempos dos verbos ir, guardar e dar, que não parecem ser claros no original.
Usando o futuro do condicional, como aparece na maioria das traduções, entendemos que Jacó está fazendo um voto condicional, ou seja, se Deus for comigo, e me guardar ... e me der..., Jacó por sua vez lhe retribuirá adotando o SENHOR como seu Deus, a pedra será a casa de Deus, e ele dará a Deus o dízimo de tudo o que Deus lhe conceder.
Mas se o tempo for o presente do condicional, o que Jacó realmente disse foi: se Deus é comigo, e me guarda ... e me dá, ... então o SENHOR é meu Deus, a pedra ... é a casa de Deus, e eu te dou o dízimo. Em outras palavras, porque Tu me abençoas, Tu és meu Deus e Te honrarei.
Seja como for, Deus o abençoou, mas tinha algumas lições difíceis para lhe ensinar. Jacó estava passando por um período de medo e aflição. É nessas condições que freqüentemente as pessoas recorrem ao voto, ou quando desejam uma grande misericórdia (Números 21:2; 1 Samuel 1:11; Salmo 66:13,14; Jonas 1:16). Neste voto de Jacó, notamos:
: ele confiava na promessa de Deus, crendo que Ele iria permitir sua volta à casa de seu pai.
Modéstia: ele se contentava com segurança, alimento, vestuário e paz na volta para casa (1 Timóteo 6:8).
Piedade, respeito a Deus: ele almejava a presença de Deus com ele, dando-lhe proteção na sua viagem; também resolveu dar-lhe a devida honra como seu Deus, começando por consagrar o lugar da coluna como casa de Deus, e dedicando a Deus o dízimo de tudo o que recebesse (1 Coríntios 16:2; 2 Coríntios 9:7).

R David Jones

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